domingo, 26 de junho de 2011

Próxima cena: Vivere

Manhã,

O que precede esse dia são doces sonhos que me arranhavam de cima a baixo, cicatrizes que não marcaram a pele, ultrapassando-a, quisera, pegando os órgãos.

Tal sua intensidade, despertavam inesperadamente, se esquecendo e transbordando a qualquer movimento em falso, flutuando como se o despertar não limitasse as obras do sono, eterno reflexo dos mistérios da mente.

Tarde,

Lá vou eu, te encher de vontades e idéias, riscadas às pressas...

Noite,

Em que se abre a ternura de uma vida salpicada de ameaças cruéis.

Propensas ao combate, não usam de nada que ultrapasse o terreno das possibilidades, incitam, provocam, dão mil motivos para o medo cobrir o corpo e o pensamento não se projetar no amanhã.

São de fácil derrocada, em teoria, difíceis de desarmar quando dentro das realidades comuns ao cotidiano.

Ser humano como e até quando?

Fugaz é o tempo de espera pela morte ao prevê-la em toda parte, demorada se esquecida; faz valer a vida o instante que se soma, e mesmo que perdido, não lhe falta sentido, ou força a completar de significados o que ficamos a deduzir que haja dormente ou mesmo aquilo que acende por dentro das coisas.

Madrugada,

Recheada das promessas das horas que se foram e virão, eis a madrugada, estendida página a que nos permite traçar planos, pontilhar sonhos e conduzir a marcha como a dança.

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